sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Alparminium

Noite. Seus rastros estão no chão, por todo o caminho em que andou. O sangue marca com todo o seu vigor a calçada molhada e surrada da cidade. Noite. A vida está morta. Foguetes invadem o céu tão calmo. Eles estão chegando, ó céus. Sim, os demônios. Não vês o sangue? Alguém o observa escondido atrás de uma velha casa de madeira. O olfato pode ser uma sensação tão traiçoeira. A chuva parece querer voltar, mas é só o vento. Você está só, mas é observado. Um estrondo. Cavalos correndo por trás da cerca. A cidade ganha vida, mesmo morta. Metáforas, paródias, ilusões. Onde está você? Você está aí?

Quanto tempo levou para notar que existe um zíper no seu umbigo? Abra-o. Há uma mensagem. Cavalos correndo atrás da sua orelha. A calçada molhada. O mais puro rastro de sangue escorrendo dos seus cabelos. A faixa nunca mais será a mesma. Você achou.

O dia continua estranho, as vozes ocultas ainda habitam esses pensamentos confusos e incoerentes. Feche um pouco mais o casaco, assim quem sabe talvez não vejam. Quem sabe você consiga esconder de si mesmo, a argola cravada no seu estômago. Acho que a sua cabeça desgrudou por instantes do seu pescoço, e trouxe de volta a maturidade que precisavas. Lembrou daquela mentira?

Respire fundo, e vomite em todos.

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