Passa um homem triste pela rua da alegria. Como de costume, calmamente ele caminha sem olhar para os lados, alheio ao alvoroço dos moradores e frequentadores da rua. Absorto em sua tristeza constante, demora a perceber uma luz invadir sua retina vagarosamente. Um detalhe que nunca havia reparado nesses tantos anos de passagem pela rua.
O sorriso tímido de uma garota despertara a atenção do homem, que, confuso, lhe responde com um sorriso como há muito não esboçava.
E agora, como haveria de proceder esse homem?
E então, tomado pela euforia, vai de encontro àquela estrela de brilho incandescente, que ainda continuava sorrindo, e para a sua frente.
Olha bem fundo em seus olhos contemplando-os.
A moça permanecia estática, e agora o homem também. Num repente, a garota de olhos profundos, e que vestia roupas de certo requinte, irrompe o silêncio dizendo:
- Por favor...
Ela, ainda com o sorriso estampado, entrega-lhe uma faca de ponta tão afiada quanto o seu olhar.
Não restava nenhuma dúvida, era o momento que aquele homem de sorriso quase inexistente e alma congelada tanto esperava.
Ele recebe a faca da mão da garota, e ,sorrindo para ela, cuidadosamente traça um corte profundo em seu próprio pescoço. Em segundos o homem cai de joelhos e tomba ao chão, enquanto aos poucos o brilho da moça vai se apagando até desaparecer por completo e esfarelar-se sobre o homem ali caído.
Na rua, tudo em paz e alegremente normal.
Christian Pizzolatto
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