segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Inter - Bi Campeão da Libertadores da América


Sou colorado desde que eu me lembro de começar a assistir futebol. Não sei ao certo quantos anos eu tinha, mas é por volta dos meus 6 ou 7 anos de idade. Nunca fui aquele torcedor de freqüentar o Beira-Rio todo domingo, porque a minha mãe apesar de ser colorada, nunca foi muito de ligar para futebol, porque meu pai faleceu quando eu ainda era muito pequeno, sendo que eu nem sei ao certo se ele era colorado ou gremista, e a minha irmã mais velha era gremista. E é por essas e outras coisas, que eu não sei ao certo dizer por que sou colorado. Só sei que desde a primeira vez que vi aquela camisa vermelha, com o S, o C, e o I se entrelaçando e formando o símbolo do Inter, eu vibrava. Sempre gostei da cor vermelha na camiseta, tinha prazer de ficar em casa assistindo os Gauchões, dizer que era colorado, e dormir de noite imaginando que um dia eu ainda jogaria naquele time. Nessa época da minha vida, com 9 anos de idade, o Inter não ganhava nada. Eu nunca tinha visto o time levantar uma taça. Em 1992, quando o Inter ganhou a Copa do Brasil, eu tinha apenas 5 anos, e não me lembro de absolutamente nada. Não tinha explicação eu torcer pelo Inter, porque ninguém nunca me encorajou a isso, nem me levou ao estádio para eu ver um jogo, não era o time que ganhava os campeonatos, nada. E ainda assim, eu me tornei colorado por natureza. Por grandeza.


Com 10 anos de idade, fui morar em São Paulo. E foi justo nesse ano, em 1997, que eu vi pela primeira vez o Inter levantar uma taça. O Gauchão de 1997. 1x0 em cima do Grêmio, gol do Fabiano se não me engano. Um golaço. Eu lembro de estar vendo de pé o jogo, e quando saiu o gol, eu alucinado dei um berro e um tapa na cara da minha irmã. Foi automático. Foi ridículo eu fazer isso, claro. Mas não foi por mal, foi por emoção. Eu não acreditava no que via. Meu time ia ser campeão Gaúcho e isso era a melhor coisa do mundo pra mim naquela época. Eu completei a minha coleção de mini-craques da Coca, em virtude da Copa de 1998, e ficava brincando com eles no chão com uma mini-bola, e fazia tabela de campeonato gaúcho, campeonato brasileiro, copa do Brasil. O Inter sempre era o campeão de todos eles de forma invicta, não preciso nem falar.

Em 1999, o Inter fez aquele jogo histórico com o Palmeiras no Beira-Rio. Uma vitória nos livrava do rebaixamento para a Segunda Divisão do Brasileiro. E não era uma partida a toa para o Palmeiras, que lutava pela classificação a próxima fase. Esse jogo eu vi trancado no quarto, sozinho, ajoelhado do lado da cama. E quando o Dunga fez aquele gol, eu não cansava de chorar e sorrir, tudo ao mesmo tempo, querendo que o jogo terminasse o mais rápido possível. E lá estava meu Inter, me orgulhando por não ter caído para a Segunda Divisão.

E morar em São Paulo e torcer para o Inter não era fácil. Na escola eu ouvia todo o tipo de zoação. Que o time de Porto Alegre era o Grêmio, que o Inter nunca tinha ganhado nada, que os títulos importantes eu nem era nascido para ver, que o Clemer no gol era um frangueiro, que eu tinha que torcer pra times de verdade que nem Corinthians, Palmeiras, São Paulo. E eu defendia o meu Inter, como podia. Porque esse meu sentimento pelo Inter, sempre foi algo inexplicável. Pra mim era como se fosse um irmão. Era o meu amigo. Era quem mais me deixava feliz e por quem eu mais me preocupava. Time de futebol não nos dá o sustento nem nada, mas o que sentimos por ele não poderia jamais ser comprado. Vêm do fundo do coração e quando ele ganha choramos de alegria, comemoramos. Quando perde, lamentamos e a vida fica um pouco mais nublada.

Resumindo: crescer e torcer pelo Inter, nos anos 90, foi uma prova de carinho pelo clube. Foi uma amostra involuntária de confiança na camisa vermelha histórica, de um passado de tantas glórias, que eu sequer tinha visto, mas sabia de cor. Era ter orgulho de poder ver, mesmo que fosse pela TV, o Beira-Rio, cheio de colorados apoiando, torcendo, e comemorando. Eu prestava atenção em cada faixa estendida no Estádio, e em como éramos todos apaixonados por este time.


Eu me lembro de ter um Cd com algumas músicas do Inter. E eu ficava cantarolando elas sozinho, antes dos jogos, sozinho no quarto. Era praticamente um ritual. Lembro de uma que era mais ou menos assim:

“Eu te amo, Internacional


Encanta o mar vermelho colorado


Joga bonito, dá show de bola


Mostra tua garra, ninguém segura, teu futebol


Sou Camisa 12


Vou jogar com você


Cantando, chorando com muita emoção


Que nasce do meu coração


Te amo, Te amo, Internacional


Te amo, Te amo, Internacional”

E assim os anos foram passando, em 2005 o Inter foi roubado no Campeonato Brasileiro e acabou ficando com o Vice-Campeonato. No começo de 2006, eu voltei a morar em Porto Alegre. O Inter ia disputar a Libertadores, coisa que eu nunca tinha visto. E não sei por quê, e eu acho que todo colorado deve ter sentido a mesma coisa, mas a sensação que eu tinha era que de alguma forma as coisas dariam certo. Mesmo antes de começar a Libertadores. Era a LIBERTADORES. Campeonato que eu sempre vi os times dos meus amigos disputarem, mas nunca o meu.

E como todos sabem, nós fomos campeões. E parecia inacreditável. Meu Inter. O Hino do meu time tocando sem parar, com o símbolo na tela, e os dizeres: INTER, CAMPEÃO DA COPA LIBERTADORES 2006. Claro que com muitas emoções nesse meio tempo, foi difícil, suado, do jeito que tinha que ser. Foi emocionante. Um título merecido e grande. Como nós.

No fim do ano, conquistamos o Mundial. Quando NINGUÉM além de nós acreditava. Ganhamos do todo poderoso Barcelona, do gremista Ronaldinho Gaúcho. Um gol do Gabiru e a expressão incrédula do Ronaldinho. Eu vi esse jogo em casa, e quando saiu o Gol, saí batendo na porta do apartamento e gritando, pulando, gritando mais um pouco na janela. Saí pra comemorar com milhares de colorados que foram as ruas e festejavam uma vida inteira de amor por um clube. Uma história de glórias em seu passado, e que agora eram revividas de forma muito maior.

Sempre revejo os jogos da Libertadores e do Mundial no Youtube, e sempre me arrepio e encho o meu peito cada vez mais de orgulho. As narrações dos gols, as comemorações, as entrevistas, as matérias, tudo. Tudo mesmo. Tudo relacionado as nossas conquistas e batalhas.
E nesta semana que passou, o Inter conquistou o Bi Campeonato da Libertadores. Coisa que eu achei que não veria de novo tão cedo. E ainda podemos conquistar o Bi Campeonato Mundial.

O que eu tenho a dizer de tudo isso?

Inter,
obrigado por ser um clube tão grande. Obrigado por tantas alegrias, e até mesmo pelas eventuais tristezas e decepções. Crescemos com elas e nos tornamos o maior time de futebol do mundo. Porque nós fomos Campeões Mundiais. Fizemos o mundo ver um time do Sul do Brasil. Pintamos a Terra de Vermelho. O que eu sinto por ti, é indescritível, porque toma conta de mim. Eu me arrepio quando escuto o Hino, quando vejo os filmes, os documentários, quando leio a história do clube, da determinação de um povo em fazer o seu time ser grande, quando ouço a história dos torcedores levarem tijolos para ajudar na construção do Gigante. Do Inter ser o Clube do Povo, sem preconceitos. Quando vejo o manto vermelho.

Enfim, esse sentimento não tem fim. Jamais.
Sou colorado, e com muito orgulho. Por ter passado por momentos difíceis, e nunca ter deixado de torcer ou defender o Inter. Somos um clube grande. Somos campeões de TUDO. E queremos sempre mais. Parte de mim é muito feliz por poder ter presenciado estas grandes conquistas do clube, por ter torcido até a voz se esgotar e eu passar a semana rouco. Por todos os amigos colorados que fiz ao longo dos anos.


...não importa o que digam, sempre levarei comigo, minha camisa vermelha...




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